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Assédio na escola

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Recentemente, Santa Maria foi sacudida com uma onda de denúncias de assédio sexual no ambiente escolar. Essa situação não é novidade, pois é sabido que esse espaço, que deveria ser harmonioso e acolhedor para uma educação de qualidade, é palco de diferentes modalidades de violências.

Assédio é uma crueldade que se caracteriza por comportamentos importunos, geralmente repetitivos, que perturbam quem os recebe. Estamos aqui abordando os avanços sexuais sem permissão e muito menos solicitados, os quais geram aflições e traumas para a vítima. Sabemos que meninos e meninas em idade escolar podem passar por estas situações, extremamente desagradáveis. Entretanto, a realidade nos mostra que o gênero feminino é muito mais atingido. Fatos esses, que são fruto de uma sociedade que naturaliza a hostilidade contra as mulheres, desde cedo. Uma cultura que incentiva a sexualização precoce das meninas e depois não dá crédito quando relatam casos de abuso, pois consideram que provocaram. Talvez, também por isso, há o medo de delatar.

Ainda se crê mais no violentador do que na vítima pois, geralmente envolve um indivíduo simpático, com boa lábia, bem sucedido e cheio de amizades. Uma pessoa "de bem", diriam muitos. Geralmente vem de quem a menina deposita alguma confiança, fazendo com que pense estar enxergando coisas que não existem.

Se algo está estranho, trazendo sensação de desconforto, fique atenta. Escolas e famílias: acreditem nas meninas! Ouçam suas histórias. Se ela está demonstrando incômodo, seja no universo do colégio ou qualquer outro, desconfie. Investigue. São inúmeros os casos reais de assédio, inclusive por parte de familiares e conhecidos.

Assédio é crime. O Decreto-Lei n0 10.224/2001, deixa claro que "constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função" pode gerar pena de detenção que variam de um a dois anos.

Aqui em Santa Maria, desenvolvemos, desde muito tempo, projeto de prevenção das infecções sexualmente transmissíveis em instituições de ensino públicas. Não raro, esse assunto cruza com outra demanda emergente: narrativas de casos de assédio. Recentemente, em uma das turmas que trabalhamos, 100% das meninas revelaram diversas situações repulsivas vindas de diferentes pessoas. Nessas exposições, foram citados: padrastos, avôs, pais, tios, amigos, colegas e mesmo desconhecidos. É chocante. E pior, muitas vezes as meninas só se dão conta que estão vivenciando essas situações quando algum evento disparador dá o alerta. Portanto, é urgente e necessário que as escolas trabalhem esse conteúdo de forma transversal, no sentido de protegê-las e empoderá-las por meio de informações corretas.

Estamos atualmente, por meio do grupo Geeum@, (Grupo de Estudos e Extensão Universidade das Mulheres), promovendo uma série de lives que abordam o tema de forma respeitosa e esclarecedora. Informe-se, participe. Não preserve o abusador. Denuncie! Finalizo parabenizando pela coragem da revelação desses tristes episódios ocorridos na semana passada que, certamente, estão sendo investigados pelos órgãos competentes. 

Você não está sozinha. Peça ajuda. Em Santa Maria procure: Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente - Rua Serafim Valandro, 360
Delegacia de Pronto-Atendimento com plantão 24 horas - Rua dos Andradas, 1.397.  Telefone: (55) 32210459


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